A todos os meus leitores, amigos ou não, conhecidos ou não, dedico esta seção. Aqui jazem alguns dos meus motivos e objetivos. Relevâncias. Sutilezas. Ou como quiserem chamar.


De J. D. Borges

Eu e o primo Bernardo (dez. 1997)Eu comendo bolo em Parati (fev. 1999)Nasci a 29 de janeiro de 1974, em São Paulo (Capital).

Adotei "J. D. Borges", em 1995, por causa de um primo (o Bernardo) que me chamava de "JD". (À época, eu precisava de um nome "artístico" para publicar meus primeiros contos numa antologia que nunca saiu.)

Não tem, portanto, maior relação com J. D. Salinger (mesmo porque nunca li nada dele). Nem com J. L. Borges (que não considero ter lido o bastante).

 


Dos Diários

Capa do diário-agenda de 1991Eu, cabeludo, na fazenda Lagoa Seca, quando era um mero guitarrista, escritor de diários (1991)Comecei a escrever, "mais seriamente", aos dezesseis anos. Simplesmente porque queria registrar os acontecimentos e os pensamentos em forma de diário. (Não suportava ver os dias passando "em branco".)

Meu primeiro diário foi uma agenda muito parecida com aquelas das meninas: cheia de fotos; de folhetos; de recortes de jornal; de pedaços de papel; enfim, de toda sorte de badulaques.

Óbvio que meus amigos mais íntimos zombavam desse registro meio afrescalhado do dia-a-dia. Até o momento em que liam.

 

Alê, Gugu e Edu muito concentrados na aula (fev. 1992)Não sei quem leu primeiro. Acho que foram meus chegados do cursinho, Alê, Edú e Gugú, que se divertiram com as descrições que fiz dos professores, das meninas e das situações em sala de aula.

 

 

Eu e o Bruno no Friday's (1995)Um grande fã das minhas cronologias anuais era o meu vizinho e confidente de muitos anos, o Bruno Borgneth. Falou que meus diários lembravam o "Feliz Ano Velho", de Marcelo Rubens Paiva. Algo que me deixou lisonjeado (ainda que eu não houvesse lido esse livro; o que, aliás, não fiz até hoje.)

 

 

Outro que leu foi o Daniel Abdo Weishaupt, em 1994. Emocionado declarou: "Your dairy is such a special thing". (Sendo que o mesmo diary continha críticas severas à sua pessoa.)

Mas voltando aos primeiros passos em 1991...


Das Redações

Com a prática (do diário), minhas redações do colegial e do cursinho sofreram sensível melhora. Fui parar no mural do Stockler vestibulares, por intermédio da professora Giselda, e num concurso de redação do CPV, por intermédio do professor Ari (do colégio, Pueri Domus).

Daniel, Gugu, Betão, Eu e Edu no dia em que passamos no vestibular (fev. 1992)Capa do diário de 1993A dedicação e a delicadeza da Giselda, junto com o meu gosto pela coisa, acabaram me conduzindo para o dez na prova de redação da Fuvest. Fato que muito me enlevou e que, para sempre, me deixou com a pulga atrás da orelha. (Afinal, eu não havia prestado vestibular para nenhuma faculdade de Humanas. Fora, outrossim, aprovado para o curso de engenharia elétrica na Poli...)

 

O diários continuaram por mais cinco longos anos. Mudando de agendas para cadernos, de cadernos para folhas soltas, de folhas soltas para fichários, até que em 1996, eu parei. Principiava meu namoro com a Helena (logo, muito da necessidade de compreender o sexo oposto cessara), principiava meu primeiro estágio sério (na MGDK & Associados) e principiava meu desejo de produzir uma literatura menos intimista, mais voltada para o mundo externo.

Mas estou me adiantando...

De 1992 a 1996, colaborei, de forma rarefeita, em publicações "uspianas". Como souvenirs, guardo Objeto Não Identificado, um ataque de razoável visceralidade ao machismo politécnico e uma pequena homenagem a um saudoso amigo que foi-se muito jovem, o Fábio Barbosa

Eu, Edu, Alê e Gugu em Natal (jan. 1995)Alê, Gugu e Eu na praia da Pipa (jan. 1995)No alvorecer de 1995, de uma inesquecível e histórica viagem ao Nordeste, com meus agora brothers Alê, Edú e Gugú, resultou o diário da Viagem das Cinco Alegrias — nosso mais bem sucedido projeto em grupo. Todos os quatro, sem exceção, assinam esse primor de comicidade.

 


Do Balela

Os fundadores do Balela: Daniel, Eu e Rafael (1995)"O Balela"Em meados do mesmo ano, com mais dois amigos, o Rafael Gomez e o mesmo Daniel Abdo Weishaupt, fundei um jornalzinho que não passou do número zero: "O Balela". Colaborei com um artigo sobre Mick Jagger e a primeira visita dos Stones ao Brasil, e com um mini-conto que deveria continuar na próxima edição (a qual nunca houve).

Aproveitando a expertise do Rafael, então conhecedor do software Page Maker, diagramamos quatro caprichadas páginas, com fotos e tudo. Uma belezinha. (Pena que o editorial fosse um total desvario, a ponto de espantar todo e qualquer leitor logo de cara.) Fizemos uma distribuição razoável; porém não obtivemos, do público, qualquer resposta.

 

 


Dos Contos

Fischmann, Eu e Pi cabulando aula na lanchonete da Poli Civil (1995 ou 1996)Um pouco depois, conversando com meu mais recente amigo, o Pi, Pedro Luís Daldegan, descobri que ele conhecia um editor. Finalmente uma chance de publicação, de consagração, de fortuna e glória.

Nesse então, vale esclarecer, eu já havia produzido meu primeiro conto (instigado pelo "Coveiro que sabia quando cavar", do mesmo Pi). A história foi assim: passou-me o Pedro, seu texto na faculdade; eu o li em casa e, na ânsia de querer "corrigi-lo", produzi Afinal nós, homens, não somos de ferro — o qual lhe mostrei no dia seguinte. Ainda que Pi não se mostrasse muito entusiasmado, eu já havia sido fisgado.

Fê (brother e personagem de "A Baranga do Shopping"), eu e Serjão (Ilhéus, jul. 1995)Eu e meu Escort (em Visconde de Mauá, jul. 1997)Tanto que, depois de derrapar e rodar na avenida 23 de maio, numa pista molhada, amassando meu adorado Escort, pensei na morte e compus Postmortem — que foi minha consagração dentre meus confrades intelectualizados.

Nesse ponto, chegamos à pessoa do senhor Gabriel — mirabolante e performático editor que prometeu-nos (a mim e ao Pi) um pequeno livro, com nossas obras, do qual não vimos nem a cor.

Embalado pela iminente ameaça de fama e glória, desovei Carta ao Álvaro e, em seguida, Homem Digno. Este último tendo como base uma notícia de jornal.

Eu na minha temporada em Paris (fev. 1996)Já sem editor, depois da temporada em Paris e da ressaca do carnaval de 1996, desovei A Baranga do Shopping, fruto das incursões nas narrativas e na linguagem direta de Rubem Fonseca. (Meus amigos homens aclamaram. Houve também grande acolhida junto aos bárbaros da Politécnica.)

Aposentados os diários, produzidos os primeiros contos, em 1996, inscrevi-me em concursos literários para universitários, sem obter qualquer posição de destaque.

Vieram, a seguir, os anos pré-formatura, os anos de "estagiotário" — e a escrita profissional acabou ficando meio de lado. Não obstante, foi um período de farta correspondência cibernético-epistolar.

 

 


Dos E-mails

Informática Exame (jun. 1997)Destacaria uma carta-email que enviei a Informática Exame, protestando contra a imbecilidade de um jornalista que propunha o fim do português e a adoção do portuglish (imagine o que seria isso...). Um exagero retórico, mas que me rendeu uma aparição no exemplar da mesma revista, em junho de 1997.

Os internautas começavam a aportar na minha casa.

Paulo Francis (por Bob Wolfenson, revista República, mar. 1997)Foi a época em que me aproximei de Daniel Piza, editor do Caderno Fim-de-Semana, da Gazeta Mercantil, graças a um texto que ele escreveu por ocasião da morte do sempre saudoso Paulo Francis, nossa admiração comum. Sentindo-me representado por sua quase elegia, enviei-lhe um solidário fax, ao qual ele respondeu com um e-mail; e aí começou nossa conversa. Foi (e ainda é) um incentivador das minhas produções amadoras e das minhas idéias impetuosas.

Santa Rita de Sampa (1997)Encantado com a possibilidade de contato com grandes personalidades, tratei de importunar-lhes, com mais freqüência, a caixa postal. Apaixonado pelo "Santa Rita de Sampa", de Rita Lee, produzi texto homônimo o qual enviei-lhe sem esperança de resposta. Deixou-me radiante, a ruiva Jones, ao me dedicar duas mensagens fundamentais.

Entrementes, discutia e dialogava com nosso virtuose vocal, Ed Motta, que se derramava em textos originais e divertidíssimos.

 


Da Poli como Ela é...

Capa do Condutor (nov. 1997)Eu, formando (dez. 1997)Em setembro de 1997, a acumulada desilusão de seis longos anos de engenharia, na Politécnica da USP, encontrou vazão no texto A Poli como Ela é... — expressão mais que acabada das minhas visões da faculdade, cujo título e cuja abordagem tinham evidente inspiração rodriguiana. (Essa sim, uma de minhas leituras prediletas e uma de minhas influências maiores até agora.)

A grande maioria dos professores e dos alunos não entendeu. Temerosos, os editores das principais publicações da Universidade de São Paulo, evitaram divulgar meu desabafo. Encontrei, contudo, a acolhida salvadora do Condutor (periódico da Elétrica), cujos redatores eram conhecidos meus de longa data.

A redenção, no entanto, veio quando da citação de um trecho de "A Poli como Ela é..." na coluna de Luís Nassif de 12 de dezembro de 1997. (Lendo seus artigos sobre ensino público, encaminhei-lhe o texto por e-mail e quase caí de costas ao topar com minhas próprias palavras — beatificadas na Folha de S. Paulo.)


Dos Artigos

Na esteira da "notoriedade", cutuquei o pessoal da Caros Amigos, encaminhando-lhes uma meia dúzia de desencontradas peças. Sérgio de Souza, o editor-chefe, queria algo novo, fresco, definitivo. Elaborei Da importância das grandes personalidades, mas não alcancei as páginas da cultuada revista. Obtive, por outro lado, o reconhecimento caloroso do consagrado produtor musical Pena Schmidt.

Flávio (esq.), Vilela (guitarrra), Fê (violão), André (assombração), Coruja e Waguininho (dir.), tresloucados brothers de tantos carnavais, personagens de "A Baranga do Shopping" e "L'Avventura Notturna" (foto em Belo Horizonte, 1996)Primeiro emprego no Banco Itaú. Primeiro salário de mais de quinhentos reais. De volta à solteirice, em 1998, mandei L'Avventura Notturna, outro conto de inspiração carnavalesca. Seu maior mérito talvez tenha sido encontrar eco junto ao então presidente da Academia Brasileira de Letras, o imortal Arnaldo Niskier — que, com uma simples carta, me pôs bastantemente emocionado.

Tocado pela narrativa sincera de Valéria Piassa Polizzi, a musa da resistência à Aids, resenhei seu livro Depois daquela viagem. Sem grande repercussão, dessa vez.

Mais um artigo, abordando minha experiência como graduando da Filosofia da USP, Crises na Sociedade Universitária (que teve acolhida junto ao educador Roberto Macedo, autor de "Seu diploma, sua prancha"). E mais outro, endereçado aos calouros da Poli, sugestivamente denominado Dicas de um Ex-Veterano.


Da Carolzinha

Eu e a Carol na pizzaria Casa Bráz (out. 1998)Eu, o Apollo e a Carol na minha casa (Tia Cristina ao fundo, mar. 1999)Foi quando encontrei minha musa, minha diva, minha companheira de todas as horas, de todas as dores e de todos os prazeres, a minha amada arquiteta, Ana Carolina Albuquerque, — a Carol! —, que me apoiou na produção mais sistemática de textos (vide a seção Artigos). Sempre revisando e sempre dando seus indispensáveis palpites de FAUna... (Com ela produzi nosso best-seller de faxes, cartas, cartões, canções e bilhetes — que, por razões óbvias, não vai estar disponível nesta página...)

 


Dos Parents

Papai na Eurodisney (set. 1997)Mamãe em Paris (jan. 1996)E já que a hora é para homenagens, chamo meus mais que amados pais, — leitores olimpicamente constantes —, Maria del Carmen Revollo Porfirio e Vitor Hugo Porfírio Borges, que têm me apoiado desde sempre em todas as minhas veleidades de escrevinhador... (Papai puxando minha orelha quando acha que exagero nas bravatas, e Mamãe me alertando quando sente que está "muito complexo"...) Registro também as participações afetivas do meu brother Diego e da minha sister Carolina (novata na World Wide Web; mandem-lhe mensagens).

Eu, Carolina e Diego na Espanha (jan. 1996)

At last but not least, as lembranças à Tia Beatriz, imortal da Academia de Letras Araxaense, e à minha habilidosa prima Elena Cecília, responsáveis pelas minhas aparições quinzenais no "Correio de Araxá".


De Hoje

Eu em Campos do Jordão (Dia dos Namorados, 1999)E aqui estou eu. Comentando os fatos, as obras, as pessoas, os ambientes "do momento", visando sempre um espaço na Imprensa e, quem sabe, um sustento — a fim de poder me dedicar somente à escrita que tantas alegrias me trouxe, em todo este tempo.

Eis aqui meu cartãoHoje revezo-me entre o trabalho na controladoria do ABN AMRO Bank e a minha coluna que segue por e-mail e tem leitores ilustres... Vez por outra, posso ser encontrado na seção "cartas" de algum periódico de respeito e/ou no site do célebre Observatório da Imprensa (comandado por essa lenda-viva do jornalismo brasileiro, que é o Alberto Dines).

Aos iniciantes, aos talentosos, aconselho persistência. Muita persistência. E prática, pois quem não se exercita, dança. E ousadia, porque ninguém vai te estender a mão; é preciso se lançar.

 

Bem, espero que tenha esclarecido alguma coisa. Aproveitem os textos e não se esqueçam de me mandar comentários; eu prometo resposta a todos...

Até mais,

J. D. Borges

7 de março de 1999.

(Revisado em 20 de junho de 1999.)